Windows 8.1 conseguirá conquistar os consumidores?

Você já refletiu sobre os ajustes que a Microsoft está fazendo no desenvolvimento de seu sistema operacional Windows 8.1? O modelo de desenvolvimento de sistemas operacionais da Microsoft é fundamentalmente baseado na análise de estatísticas dos dados coletados pelo CEIP – Microsoft Customer Experience Improvement Program. É com base na análise dos milhões de dados coletados pelo CEIP que pesquisadores especializados formulam as necessidades que devem ser atendidas nos novos desenvolvimentos de sistemas operacionais.

Os dados do programa CEIP relata o que o usuário utiliza mas não o que pensa sobre o recurso em si, se o recurso é intuitivo, fácil e confortável de ser usado, quem outrora supria esta informação eram os programas beta-testers que foram extintos devido a necessidade de alto sigilo no desenvolvimento dos novos produtos.

Aparentemente a tentativa de implantar o mesmo sistema operacional em tablets e computadores pessoais não foi muito feliz no seu início e o sistema recebeu severas críticas da imprensa especializada e analistas de mercado. Sei que muitos de vocês dirão que estes jornalistas e analistas só falam besteiras, mas você pode ao menos notar que a Apple não cometeu o mesmo equívoco. Ela não tentou transformar o Mac em um tablet, ela desenvolveu um dispositivo separado, o iPad que é um sucesso de vendas.

Agora com o fim do suporte no ano que vem ao Windows XP e com uma provável demanda mais aquecida por um sistema operacional mais moderno, a Microsoft está dando uma ênfase maior aos recursos disponíveis no Windows 8.1 para o mercado corporativo pois o Windows 8 inicialmente era um produto muito mais focado no mercado consumidor final.

Muitas das grandes melhorias “sob o capô” do Windows 8.1 tais como suporte ao emparelhamento de impressoras via NFC e autenticação biométrica podem acabar sendo esquecidas pois o foco do debate sobre a interface ainda é a questão fundamental para muitos usuários e para os clientes corporativos. Traduzindo: muitos tomadores de decisão nas empresas e formadores de opinião do mercado consumidor estão plenamente convencidos que é preciso haver versões separadas do sistema para fatores de forma tradicionais e para tablets.

Eu discordo deste enfoque, penso que deve ser apenas uma versão mas é necessário dar ao usuário o direito de escolha sobre qual interface ele deseja utilizar, se a interface moderna mais apropriada para telas sensíveis ao toque ou uma interface clássica de desktop mais adequada ao uso de mouse e teclado convencional. A decisão deve ser do usuário, o sistema foi feito para servir ao usuário e não o contrário, o usuário não é escravo do sistema.

Algo que me parece muito estranho é o fato da Microsoft não ter adotado esta maneira mais simples que acabei de descrever para conquistar o consumidor no uso de uma interface que foi totalmente refomulada. Quando foi lançado o Windows 95 o usuário poderia utilizar a interface antiga do 3.11 substituindo a shell do sistema, o mesmo ocorreu quando do lançamento do XP onde se podia utilizar a interface antiga do Windows 98 via troca de tema.

Com o tempo o usuário mais reticente experimentava a nova interface, conhecia aos poucos as novidades até se sentir seguro e confortável para utilizar a mesma, mas com Windows 8 não é assim, talvez seja algo justificável pela necessidade de dar um impulso inicial forte a criação de aplicativos no modelo da interface moderna, mas os fins não justificam os meios, e o prejuízo é dos usuários.

A maioria das pessoas não se opõem de forma intransigente às novas tecnologias, cada pessoa tem um grau de dificuldade diferente para se adaptar às novidades. Não existe coisa pior que menosprezar os limites individuais de cada usuário, isto gera rejeição por uma parcela significativa de consumidores, as pessoas precisam se sentir confiantes e confortáveis operando um computador pessoal ou um tablet. As pessoas querem apenas o direito de escolher entre o clássico e o moderno.

As alterações que estão sendo implantadas no Windows 8.1 refletem as mudanças de direção que a Microsoft está fazendo no modelo de desenvolvimento de seus sistemas operacionais, ouvindo um pouco mais seus consumidores finais e clientes corporativos, infelizmente devido a necessidade de sigilo que citei anteriormente isto não foi feito no Windows 8, perdeu-se um tempo precioso.

Espero sinceramente que a Microsoft consiga convencer os consumidores finais e os clientes corporativos sobre as vantagens do Windows 8.1 com as alterações que estão sendo implantadas, caso contrário ele continuará a ser definido pelos críticos mais ácidos e franco-atiradores de plantão como um sistema possuidor de transtorno dissociativo de identidade, algo que é conhecido popularmente como dupla personalidade.

Fonte: baboo